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quinta-feira, 25 de junho de 2015

De volta ao passado#24 - 79 dias!!

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Todos dias era uma luta, medicação, exames, analises, peso de fraldas, vira ora para um lado, vira ora para o outro, banhos a gato, o alarme a soar, (já sentia calafrios só de ouvir o raio, (porcaria!!!), do apito!!),... a meta, atingir os 3Kg.

Os médicos, para já, tinham uma solução viável para a minha Pequerrucha, o único senão era o seu peso, que demorava a aumentar, entre o leite que era medido ao milímetro e os diuréticos dados para não sobrecarregar o seu coração, existia um aumentou de peso mínimo por dia.

A cirurgia será paliativa, isto é, não é definitiva nem nada que se parece, é uma forma de poder crescer até poder, (ou não), fazer uma cirurgia definitiva. Explicaram-me que não podia ser feita antes, pois não existia material que fosse tão pequena quanto ela.
O objectiva dessa mesma cirurgia, era introduzir um SHUNT, no canal arterial para poder deixar de ser dependente de medicação para se manter aberto, para isso ela tinha de crescer, para as suas "estradas internas" poderem receber o seu "atalho".

Os dias passavam e a esperança iluminava o nosso caminha, ela não melhorava, mas estava estável e estar estável, era uma alegria enorme para nós.
Os médicos, vendo que a sua luta poderia ser feita mais pertinho de casa, transferir-na para Leiria, mandaram todas indicações do que estava a ser feito, bastava simplesmente continuar da mesma forma e assim o fizeram.
Para mim, claro foi óptimo, a minha menina estava mais perto, poderia gerir o tempo melhor entre um filho e outro, para poder estar mais presente para eles.
Mas ela não gostou, ela não conhecia as rotinas, nem as vozes dos médicos e enfermeiros de cá e não quis ambientar-se.
Ela piorou, as doses de Prostin eram cada vez mais altas e a saturação cada vez mais baixa, ficou 15 dias em terras Leiriense, depois de ponderarem acharam por bem ela voltar para a cidade do conhecimento, Coimbra.
Como bom filho retorna a casa, em muitos poucos dias voltou a ficar estável, como um filho que conhece a sua mãe, a minha menina, conhecia quem cuidava dela, o cheiro do quarto, os sons, o amor de toda aquela equipa nutria por ela.

Continuamos a esperar, semana após semana, a pouco e pouco, deslumbrava-se um pouco mais de chicha aqui ou acolá.
Em todas as visita médica semanal, perguntava por novidades, eles pacientemente, explicavam-me timtim por timtim como ela estava, nunca deixaram de responder a qualquer pergunta que fizesse, mesmo quando não percebia os termos técnicos eles explicavam em bom português, assim como todos dias perguntava aos enfermeiros, como tinha passado a noite ou a manhã e nunca deixaram de me dar qual fosse a novidade, boa ou má.
Assisti a muitos exames feitos, dos mais básicos ao mais complicados, como tirar sangue a uma criatura tão pequenina, eles aplicam a técnica da Porcalhota, sim sim, foi assim que a enfermeira a mencionou, por ser feita só com a agulha na veia e onde contavam cada gota que saía para os tubos de ensaio.
Ela, como sempre uma valente, não chorou, não reclamou, nem gritou.

Outro e o mais feliz de todos, foi fazer a ultima eco a cabeça, depois de ela completar as 41 semanas de suposta gestação, para verificar se os pontinhos luminosos eram reais lesões cerebrais ou só o processo de desenvolvimento cerebral.
Bem, nunca me hei-de esquecer daquele dia, sentada, a minha menina ao colo, o médico com o aparelhometro na mão e com muito jeitinho rodou, rodopiou, acho que até piruetas ele fez em toda a sua moleirinha, eu atenta ao ecrã, as lágrimas caiam sem eu perceber, tamanho era a minha felicidade, o ecrã não mostrava qualquer pontinho luminoso, nem umzinho, para contar historia, o medico, também ele bastante satisfeito pelo que via, disse-me:

- A mãe já percebeu que está tudo muito bem com a sua menina, não já?

Entre lágrimas e soluços (sim, quando choro, normalmente é a valer, mesmo que seja de felicidade), disse:

- Sim, os pontinhos luminosos, desapareceram!! Afinal, só estava a desenvolver-se!!
Mas, doutor e a lesão do corpo caloso, essa, a sua colega disse que era uma lesão real?!

O médico, - Vejo por si!

Aí voltou a rodar o sensor pela cabeça da minha menina e estagnou, olhei para o ecrã, onde deveria estar duas bolhas de ar, (era assim que eu as via), e mais uma vez senti-me inundado duma alegria enorme, a lesão tinha desaparecido!

- Como é possível?
- É possível mãe, e como pode ver está tudo bem com a sua menina, ela não tem qualquer lesão cerebral!
Foi a melhor noticia que poderiam me ter dado :)
Uma batalha já estava ganha!

Também houve momentos de aflição, momentos em que pensei que ela não iria aguentar por muito mais tempo, o que mais me marcou foi umas semanas antes da cirurgia.
Num de fim de tarde, era dia em que o pai pôde sair mais cedo do trabalho para poder ir mimar a nosso menina.
A enfermeira disse-nos que ela estava muito irrequieta, que andava a fazer das dela, a saturação caia muitas vezes. A nossa Pequerrucha dormia, como fazia quase sempre, ela não interagia muito, era normal visto a sua condição, o pouco que se mexia, ou poderia ter dor ou ficava exausta. Nós ficávamos a olhar para ela, contava-mos os progressos do mano, as saudades que ele tinha dela.
O tempo passou, la fora anoitecia, o meu marido foi tomar um café, continuei a mimar a minha menina, até...., até que o alarme se faz ouvir, penso que seja a saturação novamente a baixar, olho para o ecrã e vejo o que não queria, não era só a saturação que caía a pique, o batimento cardíaco também, em questão de segundos, os valores estavam baixíssimos, não sabia o que fazer, ouvia a enfermeira a correr para o quarto, e eu..., eu só me lembrei de abana-la, de beliscar-la, de chamar por ela, a enfermeira chega e de repente os valores voltam a subir, voltam a fixar-se no seu habitual.
Foram segundos, que me pareceram infinitos, ela voltou, não desistiu, a enfermeiro, dizia que ela não iria aguentar muito mais tempo, ela tinha de ser operada!

O único problema é que ainda , pesava a volta e 2700kg,


*Continua

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